Proposição
Que, da
Ocidental praia Lusitana,
Por mares
nunca dantes navegados,
Passaram
ainda além da Taprobana,
Em perigos e
guerras esforçados
Mais do que
prometia a força humana,
E entre
gente remota edificaram
Novo Reino,
que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles
Reis que foram dilatando
A Fé, o
Império, e as terras viciosas
De África e
de Ásia andaram devastando;
E aqueles
que por obras valerosas
Se vão da
lei da Morte libertando:
Cantando
espalharei por toda a parte,
Se a tanto
me ajudar o engenho e arte.
Cessem do
sábio Grego e do Troiano
As
navegações grandes que fizeram;
de Alexandro
e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto
o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro
valor mais alto se alevanta.
Luís de Camões, Os Lusíadas, op. cit., p. 1
Luís de Camões, Os Lusíadas, op. cit., p. 1